A creatina é uma amina de ocorrência natural encontrada primariamente no músculo esquelético e sintetizada endogenamente pelo fígado, rins e pâncreas a partir dos aminoácidos glicina, arginina e metionina.

Em média, o corpo naturalmente produz de 1g de creatina por dia e pode-se obter mais 1g/dia em uma dieta onívora. Esses 2g sintetizados se igualam à taxa de degradação espontânea da creatina e fosfocreatina, formando creatinina.
Além de ser encontrado naturalmente em muitos alimentos, a creatina está disponível em forma de suplemento, existindo várias formas de apresentação, entretanto a creatina monohidratada é a forma mais bem estudada, eficaz e barata.
A creatina é um dos suplementos ergogênicos nutricionais mais populares e possui uma vasta literatura documentando benefícios: melhora de performance de provas de alta intensidade, aumento de força/potência, ganho de massa magra e até benefícios terapêuticas em doenças neurodegenerativas, diabetes, osteoartrite, fibromialgia, envelhecimento, entre outras
Entretanto, é comum pensar que este suplemento pode prejudicar a saúde dos rins, pois alguns estudos com sérias limitações metodológicas sugeriram efeitos deletérios à função renal, tendo órgãos reguladores (ex: Anvisa) proibindo a comercialização da creatina por um período.
A creatina é um suplemento seguro e eficaz segundo as maiores organizações de nutrição esportiva, ex: Posicionamento do Comite Olimpico Internacional, Instituto Australiano de Esporte e a Sociedade Internacional de Nutrição Esportiva.
Estudos em pessoas saudáveis não mostraram efeitos prejudiciais à função renal ao tomar creatina em doses de até 3-30 gramas por dia durante 10 meses a 5 anos.
No entanto, estudos de longo prazo em pessoas com doença renal estão faltando. Pessoas com doença renal preexistente ou com risco potencial de disfunção renal (diabetes, hipertensão, redução da taxa de filtração glomerular) devem consultar seu médico a fim de verificar a possibilidade de suplementar com creatina de forma segura, bem como recomenda-se a monitoração sistemática nesses pacientes em caso de uso, até que se ateste a seguridade desta suplementação.
Referências:
Brosnan, M.E.; Brosnan, J.T. The role of dietary creatine. Amino Acids. 2016.
GUALANO, Bruno; UGRINOWITSCH, Carlos; SEGURO, Antonio Carlos and LANCHA JUNIOR, Antonio Herbert. A suplementação de creatina prejudica a função renal?. Rev Bras Med Esporte [online]. 2008.
Kreider, R.B., Kalman, D.S., Antonio, J., Ziegenfuss, T.N., Wildman, R., Collins, R., . . . Lopez, H.L. International Society of Sports Nutrition position stand: Safety and efficacy of creatine. 2017.
Maughan RJ, Burke LM, Dvorak J, et al. IOC consensus statement: dietary supplements and the high-performance athlete. Br J Sports Med 2018.
Jäger R, Purpura M, Shao A, Inoue T, Kreider RB. Analysis of the efficacy, safety, and regulatory status of novel forms of creatine. Amino Acids. 2011.
Bender, A., Stamtleben, W., & Klopstock, T. Long-term creatine supplementa- tion is safe in aged patients with Parkinson disease. Nutrition Research, 28, 172−178. 2008.
R.B. Kreider, C. Melton, C.J. Rasmussen, M. Greenwood, S. Lancaster, E.C. Cantler, P. Milnor, A.L. Almada, Long-term creatine supplementation does not significantly affect clinical markers of health in athletes, Mol. Cell. Biochem. 2003.
Poortmans JR, Francaux M. Long-term oral creatine supple- mentation does not impair renal function in health athletes. Med Sci Sport Exerc. 1999.
Comments