
Escuto com frequência no consultório os pacientes informarem que comem saudável mas não conseguem emagrecer.
Podemos ter várias respostas para explicar o motivo de cada indivíduo, mas algo bastante provável na maioria que não consegue perder peso seria:
SUB-RELATO NO CONSUMO ENERGÉTICO.
Observo vários relatos de pacientes que consomem várias frutas, tomam sucos naturais ao longo do dia, bebem várias xícaras de café (adoçadas com açúcar escuro), ingerem oleaginosas, raízes, grãos, etc... O detalhe é que não se mensura o que come no dia-dia, fora que sempre tem alguma “beliscada” (biscoitinho no café ou a pipoca do filho...e por ai vai), além das “saídas” do final de semana. Consequentemente o CONSUMO DE CALORIAS ESTÁ SEMELHANTE A SEU GASTO CALÓRICO, LOGO, VOCE ESTARÁ EM EQUILIBRIO ENERGÉTICO E MANTERÁ SEU PESO.
Em estudo de 1992 foi demonstrado que indivíduos obesos podem subestimar o número de calorias que consomem em um dia em 800kcal ou 40% do total de calorias diárias programadas, sendo que alguns poderiam a chegar a sub-reportar quase 60%.
Ou seja era para se consumir 1.900kcal, e o individuo consumiu 3.000kcal.
Um estudo de 2002 verificou que NUTRICIONISTAS SUB-ESTIMARAM sua ingestão em 200kcal, enquanto o grupo controle (indivíduos com as mesmas características físicas mas não eram nutricionistas) SUB-REPORTOU 500kcal.
O estudo conclui que os nutricionistas estimaram sua ingestão de energia com mais precisão do que os não-nutricionistas, sugerindo que a familiaridade e o interesse em manter registros alimentares podem levar a estimativas mais confiáveis do consumo de energia
Para esta mensuração mais acurada seria preciso pesar todos os alimentos e registrar em diário ou aplicativos de contagem de calorias ou até mesmo por fotos.
O detalhe é que esta mensuração da ingestão energética não é prática e nem sustentável para algumas pessoas.
Por isso, incialmente sempre procuro nas condutas melhorar o hábito alimentar como um todo (preferência por alimentos in-natura, usar alimentos saciantes, consumir menos industrializados, controle de porções, etc.)
A grande maioria consegue obter bons resultados com as práticas iniciais gerais, mas em alguns casos será necessário fazer o registro, mesmo que seja por um período que seja suficiente para melhorar a acuracidade, como foi verificado no estudo citado.
Referências:
M. Champagne, G.A. Bray, A.A. Kurtz, J.B. Monteiro, E. Tucker, J. Volaufova, et al., Energy intake and energy expenditure: a controlled study comparing dietitians and non-dietitians, J. Am. Diet. Assoc. 2002.
Lichtman SW, Pisarska K, Berman ER, et al. Discrepancy between self-reported and actual caloric intake and exercise in obese subjects. The New England journal of medicine. 1992.
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